Estamos acostumados a ouvir expressões como “a imensidão do espaço” ou “a grandeza da obra divina”, mas será que nós sabemos realmente o que isso significa?
Na era da internet, é muito fácil obter acesso a informações como estas:
Distância entre Curitiba e São Paulo (capital) | 338,7 km |
Distância média da terra à lua | 384.400 km |
Diâmetro da lua | 3.747 km |
Mas mesmo tendo acesso a tudo isso, você, alguma vez, já olhou para a lua e se perguntou como é possível que ela esteja a 384.400 quilômetros de distância? E mais: se dessa distância toda ela ainda aparece tão grande no nosso céu, qual seria o real tamanho dela? Tudo bem, sabemos que a lua tem um diâmetro de 3.747 quilômetros, mas será que compreendemos realmente o que significa isso?
Nossa mente é limitada. Não somos capazes de compreender números muito grandes, por isso precisamos de abstrações. Imagine que ir da Terra até a Lua é quase o mesmo que fazer 567 viagens de ida e volta de Curitiba para São Paulo (isso andando em linha reta, onde o trajeto teria “apenas” 338.7 km). Muita coisa, não é? Definitivamente, não seria uma viagem que eu gostaria de fazer de carro. Ou de ônibus.
E quanto ao sol? Bom, nesse caso os números são muito maiores.
Distância média da terra ao sol | 149.600.000 km |
Diâmetro do sol | 696.000 km |
Eu, pessoalmente, nunca consegui decorar a distância entre a Terra e o Sol, mesmo tendo lido sobre isso frequentemente durante muitos anos. Mas tem uma abstração que eu aprendi no ensino fundamental que eu nunca me esqueci: a luz do sol leva cerca de oito minutos para chegar até a Terra.
O que significa exatamente essa abstração? Vejamos: a velocidade da luz é a velocidade máxima a que se pode viajar, de acordo com a Teoria da Relatividade de Einstein. Trata-se, aproximadamente, de impressionantes 300.000 quilômetros por segundo. Ou de 1.079 milhões de quilômetros por hora. Agora imagine-se viajando a essa velocidade insana e pense que você levaria OITO MINUTOS para ir do Sol até a Terra. Isso porque a Terra está consideravelmente mais próxima do Sol que os demais corpos do sistema solar. Para chegar a Plutão, por exemplo, você levaria mais de 5 horas.
E quanto a outras estrelas? Bem, a estrela mais próxima da Terra é a Alpha Centauri C. Para chegar até lá viajando na velocidade da luz levaríamos inimagináveis 4 anos e 3 meses. E se formos tentar chegar na galáxia mais distante descoberta até agora, estaríamos falando de uma viagem de quase 14 bilhões (isso mesmo, BILHÕES) de anos. Esse número é tão grande que precisaríamos de outras abstrações para poder compreendê-lo.
Obs.: Na verdade, não é possível viajarmos na velocidade da luz, e nem em velocidades próximas a ela, como explicado aqui e aqui.
Mas vamos voltar a falar da distância entre a Terra e o Sol. Quase 150 milhões de quilômetros. Se fôssemos fazer essa viagem, o que veríamos pela janelinha da nossa hipotética espaçonave? Veríamos apenas um céu estrelado, não muito diferente do visto da Terra em locais distantes de centros urbanos, e mais nada. “Mas, como assim”, podem me perguntar, “e quanto aos outros planetas? ”
Diâmetro | Distância média do Sol | Tempo(*) | |
Mercúrio | 4.879 km | 57.910.000 km | 3 minutos |
Vênus | 12.103 km | 108.209.000 km | 6 minutos |
Terra | 12.756 km | 149.600.000 km | 8 minutos |
Marte | 6.792 km | 227.940.000 km | 13 minutos |
Júpiter | 142.984 km | 759.560.000 km | 43 minutos |
Saturno | 120.536 km | 1.394.000.000 km | 1 hora e 20 minutos |
Urano | 51.118 km | 2.813.000.000 km | 2 horas e 40 minutos |
Netuno | 49.528 km | 4.503.000.000 km | 4 horas e 10 minutos |
Plutão | 2.370 km | 5.906.000.000 km | 5 horas e 28 minutos |
* Tempo que leva para a luz do sol chegar até o corpo celeste
Mercúrio e Vênus são os dois planetas localizados entre a órbita da Terra e o Sol. Mercúrio é um pouco maior do que a nossa Lua e Vênus é um pouco menor do que o nosso planeta. Mas mesmo os 12.103 km de diâmetro de Vênus são, praticamente, insignificantes numa distância de 150 milhões de quilômetros. Em nossa viagem de oito minutos, é extremamente improvável que sequer cheguemos a nos aproximar de qualquer um dos dois. E mesmo que nos aproximássemos de um deles, a esta velocidade, não conseguiríamos vê-lo de qualquer forma. Também existem numerosos asteroides nessa região, mas eles são muito, mas muito menores do que Mercúrio, o que os tornaria ainda mais difíceis de serem vistos.
Tudo isso soa estranho para você? Não se preocupe, você não está sozinho. Afinal, estamos todos acostumados a imaginar o sistema solar como na imagem abaixo:
Esta representação, no entanto, é apenas uma abstração, feita para ajudar-nos a entender o movimento dos planetas ao redor do sol. No entanto, o sol, os planetas e, principalmente, a distância entre eles está completamente fora de escala. E isso é feito de propósito, porque, se fosse para fazer um desenho do sistema solar em escala real, apenas o sol ficaria visível (ou talvez, nem ele), a menos que o desenho tivesse centenas de metros de comprimento. Isso é demonstrado, de forma espetacular, no vídeo a seguir:
Outra experiência que eu recomendo é este site. Está em inglês, mas é bem fácil de entender, trata-se de um mapa do sistema solar construído em escala, onde 1 pixel equivale ao diâmetro da Lua e você pode ir rolando a tela horizontalmente para viajar do sol até os planetas. Existe até uma opção no canto inferior esquerdo para simular uma viajem à velocidade da luz.
O fato é que a maior parte do espaço é apenas isso: espaço. Vazio. Nada. Milhões de quilômetros em todas as direções não contendo absolutamente nada. De vez em quando aparece uma pedrinha ou outra, ou um objeto um pouco maior, mas depois teremos mais alguns milhões de quilômetros de vazio novamente. Consegue imaginar isso? É difícil, uma vez que não é possível nem mesmo criar uma abstração coerente. Afinal, como se define o nada? Como poderíamos ter ideia de com que se parece uma quantidade enorme de nada?
Mas essa é uma característica muito interessante da famosa “imensidão do universo”. Apenas 0.0000000000000000000042% do universo observável possui matéria. E isso nos mostra o quanto somos insignificantes no esquema geral das coisas. Mas, ao mesmo tempo, mostra também que somos especiais. Afinal, estamos vivos e estamos aqui, mesmo contra todas as probabilidades.
Imagens cortesia de:
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